terça-feira, 21 de agosto de 2012

23 ANOS SEM RAUL SEIXAS, PAI DO ROCK BRASILEIRO.


TRIBUTO A RAUL SEIXAS:

Raul Seixas no auge do seu sucesso - Década de 70


No dia 21 de Agosto de 1989, exatamente há 23 anos, morria o Profeta do Rock Nacional. Então, se você é fã de Raul Seixas, assim como eu que, além de curtir, se encantar com as suas baladas, canções, baião e rock 'roll, resolvi ir bem mais fundo, colecionar discos, vídeos, objetos, camisas, etc...
Certo dia, em 2009, o acaso presenteou-me a oportunidade de falar com uma das filhas de Raul Seixas, a Vivian Seixas, para que a nossa Banda Cover “OS Raulzitos” participassem de uma programação artística cultural que estava sendo preparado para comemoração dos 20 anos Sem Raul Seixas, Profeta do Rock Brasileiro, o que acabou não rolando por questões da nossa turma que trabalhava não poder se ausentar para se aventurar a um sonho maluco para alguns. As vezes a sorte bate a nossa sorte e não sabemos aproveitá-la.


ORIGEM:

Raul Seixas aos 2 anos de idade
Raul dos Santos Seixas, apelidado carinhosamente de Raulzito. Foi considerado pelos críticos da música popular brasileira como o Pai do Rock brasileiro, por ter criado a cara do rock nacional. Nasceu na Bahia, Salvador, no ano de 1945, filho de classe média, seu pai era engenheiro e sua mãe doméstica que dava tudo por aquilo filho míope e magricela.

Mãe e Filho - 1946


Mãe e Filho
INFÂNCIA:

Raul Seixas aos 11 Anos de idade (Primeira Comunhão)

 
Quando criança gostava de ler e escrever as suas próprias estórias que quase sempre tinham como personagem “um cientista louco chamado Melo”, assim fazia gibis pintados com lápis grossos e os vendia para seu irmão de quatro anos e outros garotos da rua.  Na infância pensava em ser escritor e não músico, o que se tornaria mais tarde.


ADOLESCÊNCIA:

Raul Seixas aos 14 anos de idade.

Já adolescente gostava de ouvir as músicas de Luiz Gonzaga, Elvis Presley e Jerry Lee Lewis, onde o seu gosto musical começou a fervilhar desde cedo com a misturar rock e o baião, que resultou na musicalidade que conhecemos hoje. Quando garoto gostava de cantar as músicas de Luiz Gonzaga e dos ídolos latino-americanos que faziam sucesso na época. Jamais foi o tipo de buscar as músicas de raízes. Na verdade ele era um garoto inquieto que buscava muitas respostas existenciais através das músicas que cantava da sua própria imaginação. Pois muitas pessoas vivem o mesmo Drama que ele: De onde vim? Para onde vou? Quem me pôs aqui?
Era com seu pai que se identificava, passava horas e horas nas leituras de livros de aventuras e mistérios da vida como: Dom Quixote, O Tesouro da Juventude e o Livro dos Por quês? Foram à base do seu intelecto criativo. Aos 12 anos de idade o menino se transformou. Os botões da camisa já não tinham mais utilidade, as calças já eram rascadas, os cabelos longos. Ele acabava de ser possuído pelo vírus do rock Raul de Bill Halley e seus Cometas, pela voz do roqueiro Litle Richard e pelos requebrados de Elvis Presley.


PRIMEIRA BANDA DE BAILE:


Em 1960 já era o líder de uma banda chamada “Raulzitos e OS Panteras”, que no seu auge chegou a ser o conjunto de baile mais famoso e mais caro da Bahia, capital, Salvador, tornava-se pequena para o grande sucesso do grupo, que já fazia muitos shows em clubes, cinemas e no Teatro Vila Velha. E muitos artistas da Jovem Guarda eram acompanhados pelo conjunto Raulzitos e Os Panteras, em seus em shows na Bahia e no Nordeste.


 
PRIMEIRA BANDA DE ROCK:


Conjunto "Os Relampagos do Rock"



Em 1962 Raul Seixas montou o seu primeiro conjunto de rock: Os Relâmpagos do Rock, mesmo com um governo militar que espalhava o terror na liberdade de expressão, onde quase tudo na arte era censurado.



RAUL SEIXAS NO RIO DE JANEIRO:

Jerry Adriani com violão e o Conjunto Raulzitos e Os panteras

Em 1967, incentivado pelo seu compadre Jerry Adriano, deixou Salvador e parte para o Rio de Janeiro, com seu conjunto em busca de um reconhecimento nacional. E a cidade maravilhosa tornava-se um sonho do grupo que já era mais maduro e tinha um rock mais elaborado.
No Rio de Janeiro começou a trabalhar como produtor de disco na CBS. E nessa época muitos artistas gravaram músicas suas como: Jerry Adriano, Reginaldo Rossi, Baltazar, The Feveres, Renato e Seus Blue Caps e tantos outros;



PRIMEIRA GRAVAÇÃO FRUSTADA:

Raulzito

Nessa mesma época resolveu gravar um disco, escondido dos diretores da gravadora CBS, que durante os intervalos de trabalho saiam para as refeições. E por baixo dos panos Raul Seixas começava a preparar o seu próprio disco intitulado: Sociedade da Grã Ordem Kavernista Apresenta Sessão das Dez. Mas para sua surpresa, certo dia um dos seus diretores chegou mais certo no estúdio e descobriu tudo. Por isso o seu plano foi todo por água abaixo, acabando despedido da CBS, hoje atual Sony Music.
Raulzito e Os Panteras

Este episódio quase acaba a carreira artística de Raul Seixas e o Conjunto, Raulzitos e Os Panteras. Ainda no Rio de Janeiro muitas gravadoras fecharam as portas para Raul Seixas e Os Panteras. Mas finalmente, a gravadora Odeon resolveu dar uma oportunidade. E lá gravaram um disco que acabou não vendendo muito bem e que desmotivando Raul Seixas e Os Panteras que sem grana retornaram a Bahia, onde ficou um bom tempo pensando como tentar outra vez.


1º COMPACTO GRAVADO:

 

Em 1972 Raul Seixas resolve inscrever-se no Festival Internacional da Canção promovido pela TV Globo, onde se classificou com a música Let Me Sing Me Sing. Mas o sucesso só viria em 1973 quando lançou o compacto, Ouro de Tolo que estourou nas vendagens em todo Brasil.


1º ENCONTRO COM PAULO COELHO:


Depois deste sucesso nacional foi contratado pela Polygram onde gravou o Disco (LP) Krig-Há Bandolo! E foi nessa época que Raul Seixas conheceu o escritor Paulo Coelho em 1973 e juntos fizeram belíssimas músicas, ainda hoje consagrada do grande público, uma parceira com vários sucessos brasileiros;


 
ERA DA DITATURA MILITAR:




Nos anos 70 muitas artistas e conjuntos do estrangeiro faziam muitos sucessos no Brasil, era o chamado movimento “Contracultura” nacional, do qual o rock era parte ativa. E muitos conjuntos como The Betlhes, Rolling Stones, Elvis Presley, já influenciavam o gosto da juventude brasileiro, desde os anos 60 até os anos 70 com muitas baladas românticas e rock-roll.


Por isso que Paulo Coelho e Raul Seixas resolveram montar um grupo chamado de Sociedade Alternativa com fundamentos esotéricos baseado na filosofia de Aleister Crowley para contrapor em defesa da música brasileira, em especial o rock nacional.

EXPULSÃO DO BRASIL:


Em 1973 Raul Seixas se apresenta no Festival Hollywood Rock ao lado de Arnaldo Brandão, contrabaixista do Grupo os Mutantes e durante sua apresentação leu um texto sobre a Sociedade Alternativa.  O fato é que, o Brasil vivia uma plena ditadura militar e o resultado é que ele foi chamado de subversivo pelos agentes federais. O agito com a leitura do texto Sociedade Alternativa foi tanta que motivou uma intimação sua junto a Polícia Federal para dá explicações sobre o texto lido. O resultando disso é que acabaram sendo expulsos do país pelo Governo Médici. Ao serem repreendidos pelo governo militar foi exilado. Por isso foram morar nos Estados Unidos, em Nova Iorque.


 
ENCONTRO COM JOHN LENNON EM 1974:

John Lennon e Raul Seixas - 1974
Certo dia, em Nova Iorque, o destino o levou a uma entrevista coletiva a imprensa que John Lennon daria a mídia americana. E lá, Raul Seixas fez um protesto como exilado político do Brasil que chamou a atenção dos Ex-Bethle John Lennon e da imprensa americana. A partir daí criou-se uma grande amizade entre Raul Seixas e John Lennon e Raul Seixas passou a ter a porta aberta da casa de John Lennon, a partir daí passaram a conversar sobre muitas coisas, principalmente quem eram os donos do mundo?
 
Este fato foi notícia em toda mídia americana, o que também despertou a atenção da mídia nacional que divulgou matéria sobre a amizade de John Lennon e Raul Seixas. A partir daí as coisas no Brasil começaram a melhorar para Raul Seixas em razão dos grandes elogios de John Lennon sobre a musicalidade de Raul Seixas.

RETORNO AO BRASIL:


Em 1974 consegue retornar ao Brasil a convite de algumas gravadoras que influenciaram junto ao Governo Federal. Mas antes de firmar contrato com qualquer gravadora fez uma exigência que antes estavam entaladas na sua garganta: Só assinava o contrato com qualquer gravadora, se fossem para gravar o disco intitulado – “Coletânea 24 Maiores Sucessos da Era Rock”, agora com o nome 20 anos de Rock, e com os créditos para Raul Seixas. Então a gravadora Philips submeteu-se a estes termos e assinou contrato com Raul Seixas.


GRAVAÇÃO DO DISCO GITÁ E OUTROS:


No mesmo ano gravou o disco GITÁ, o sucesso foi tanto que chegou ao Disco de Ouro, indo algumas músicas parar trilhas da novela, o Rebu. Depois vieram outros discos que fizeram também muitos sucessos como os LPs: Novo Aeon e Há Dez Mil Anos Atrás. Em 1976 marcar a era do fim da parceria de Paulo Coelho com Raul Seixas que passou a ter outros parceiros em suas composições.


Em 1980, Raul Seixas surge nas paradas com as músicas Plunct Plact Zum que caiu como uma luva para o público infantil e adolescente, e o Rock das Aranhas que agradou de cheio os antigos fás desse artista. E nessa época já era um grande dependente das bebidas alcoólicas e das drogas o seu maior inimigo;


CASAMENTOS:

Raul Seixas e sua 5ª esposa e última, Kika Seixas
Raul Seixas e a Filha Vivian

Teve cinco mulheres e três filhas. E com o fim dos seus casamentos enfrentou uma das piores fases da sua carreira. Depressão, humilhações, enfermidades física e mental, quase não davam para distinguir o que era causa do que era efeito.

Filha de Raul Seixas


Filha e Esposa de Raul Seixas.
Ainda na década de 80 lançou Sete Lps e promoveu grandes shows musicais investindo muito na divulgação dos elepês. Como resultado lhe valeu vária “torneis” pelo sul e sudeste do Brasil.


SAÚDE:


Os sucessos dos seus discos tocados nas rádios eram tantos e mesmo assim não modificava o seu ego. Raul Seixas era débil de saúde. A depressão e a pancreatite faziam com ele andasse por diversas clínicas. Tal situação justificava suas constantes aparições e desaparições do mundo artístico.

 
Raul Seixas hospitalizado
Nos momentos em que se via distante do seu público, podia avaliar o quanto influenciava gerações com sua música. E quando se apresentava para grandes plateias, Raul Seixas, era como se fosse um espectador de si mesmo, tinha a dimensão do seu valor artístico.


STRESS:


Em razão de sua pancreatite, passou a ser um artista de relacionamento muito difícil segundo alguns amigos mais próximos. E acabou brigando com André Midani, produtor musical da gravadora WEA e velho amigo desde a época de sua entrada na Phillips, em razão da música “Por que os Sinos Dobram” não ter tocado bem nas emissoras de rádios, o que responsabilizou o amigo por este episódio.


Raul Seixas produziu bons trabalhos como o disco “Nova Aeron” (1975), Metrô Linha (1983), “Uah-Bap-Lu-Bap-Lah-Béin-Bum!” (1987) e A Panela do Diabo, título esse colocado no disco porque certa vez pastores e evangélicos foram protestar na portaria do Teatro Thereza Raquel no Rio de Janeiro, dizendo aos público que vinha assistir o novo show do artista que Raul era o anti Cristo, e Raul pra se vingar colocou o nome no próximo disco de Panela do Diabo (1989). Sendo este o último disco em parceria com o roqueiro Marcelo Nova.  Porém, o cantor enfrentou problemas de alcoolismo nos últimos anos da década de 80, o que levou a falecer com apenas 44 anos, vítima de pancreatite aguda.

MORTE:

Finalmente, às 7 horas da manhã do dia 21 de agosto de 1989, aos 44 anos de idade foi surpreendida por sua grande rival, a pancreatite que lhe provocou uma parada cardíaca. Seu corpo foi encontrado na própria cama, às 9 horas da manhã, pela sua empregada doméstica, em seu apartamento, no Edifício Aliança, Centro de São Paulo.






VELÓRIO:


            A imprensa falada, escrita e televisada deram a notícia de sua morte e logo um grande número de fãs correram ao Palácio das Convenções do Anhenbi, onde estava sendo o velado do seu corpo e depois seguia para Salvador, onde foi sepultado no Cemitério Jardim da Saudade.

Fãs durante o velório de Raul Seixas


Assim partia desta vida “o Maluco beleza” e com ele o Raulseixismo que também poderia ter findado. Mas, a exemplo de todos os ídolos que marcam época, Raul Seixas deixou saudades e um grande número de admiradores. O homem se vai, mas sua obra artística fica no íntimo daqueles que como as sementes ficam pronta a germinar o seu fruto.




UM INVESTIGADOR DO MUNDO:

Raul Seixas foi um viajante permanente. Viajou por todas as religiões, seitas, política e pela filosofia, embora desde criança já desconfiasse da verdade absoluta. Foi como ele próprio dizia: Um investigador do mundo; uma metamorfose ambulante com uma opinião formada sobre tudo.

Deixou 21 LPs, dezenas de compactos, um livro intitulado: As Aventuras de Raul Seixas na cidade de Thor e as reedições de suas músicas hoje são feitas através de CDs, onde seus trabalhos sempre vendem entre 100 e 250 mil cópias anuais, mesmo após a sua morte. Raul Seixas é considerado um dos maiores músicos brasileiros, com uma enorme quantidade de fã-clubes.



PRINCIPAIS DISCOS (LP) DE MINHA COLEÇÃO:



1.      Raulzito e Os Panteras – (1968);

2.      Sociedade da Grã Ordem Kavernistas (1971);

3.      Kring-há Bandolo (1973);

4.      Gitá (1974);

5.      20 Anos de Rock (1975);

6.      Novo Aeron (1975);

7.      Há 10 Mil Anos Atrás (1976);

8.      O Dia em que a Terra Parou (1977);

9.      Raul Rock Seixas (1977);

10.  Mata Virgem (1978);

11.  Por que Os Sinos Dobram (1979);

12.  Abre-te Séssemo (1980);

13.  Carimbador Maluco (1983);

14.  Metrô Linha 743 (1984);

15.  Let Me Sing Rock N'Roll (1985);

16.  Uah-Bap-Lu-Bap-Lan-Buin-Bun! (1987);

17.  A Pedra dp Gênesis (1988);

18.  A Penela do Diabo (1989).


Observação: Depois de sua morte as editoras Polygram, Eldorado e Som livre, lançaram várias CDs Coletânea com grandes sucessos da carreira artística de Raul Seixas, mais preferi não relacioná-los nesta matéria, cujas músicas já estão contempladas nos discos acima relacionados.


REDAÇÃO: Tadeu Patrício.







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