sexta-feira, 19 de abril de 2013

FESTA DO TÓRE É COMEMORADA NO DIA NACIONAL DO ÍNDIO NA BAÍA DA TRAÍÇÃO - PARAÍBA. Saiba os detalhes abaixo:


Presença do Governador Ricardo Coutinho e Equipe de Governo.

Realizou-se nesta sexta-feira, Dia Nacional do Índio, 19/Abril, a Festa do Toré no município da Baía da Traição, na Aldeia São Francisco que está localizada no litoral Norte do Estado da Paraíba. A cerimônia contou com a presença de um grande público com diversas autoridades, entre elas, o Governador Ricardo Vieira Coutinho que participando do ritual sagrado desde os três últimos anos, além da primeira dama Pâmela Bório, o Secretário de Cultura Chico César, a Secretária de Comunicação Estela Isabel, demais secretários do estado, religiosos, ativistas, agentes culturais, pesquisadores, estudantes do ensino fundamental, médio e universitário, enfim, todos curiosos na contemplação da grande cerimônia sagrada para os povos potiguara.

De Cabedelo se fizeram presente a cerimônia sagrada, o mestre Adeilson Morais da Capoeira Angola Palmares conjuntamente com o mestre Tadeu Patrício da Nau Catarineta que conduziram uma turma de pessoas do Grupo da Terceira Idade, para contemplar a referida cerimônia que é um importante ritual em homenagem aos antepassados da tribo, em especial, ao pai Tupã e à mãe Tamainem, onde se trata de uma espécie de comunicação entre o mundo dos homens e o mundo sobrenatural. Acredita-se que este evento é capaz de delimitar as diferenças internas, projetando os grupos nas situações de contato.

Desde a criação oficial do Dia do Índio na década de 40 que está cerimônia vem sendo realizada nas comunidades indígenas da Paraíba, e sempre comemorando no Dia Nacional do Índio (19 de abril). O evento é um “ritual sagrado” que celebra a amizade entre as distintas aldeias, realçando o sentimento de grupo e de nação. É uma dança que está na própria percepção e representação da tradição coletiva, sendo, portanto, um elemento essencial para eles se pensarem enquanto possuidores de um passado histórico comum.

A cerimônia acontece ao ar livre em um terreno sagrado rodeado de sombras de cachoeiros e outras frutas tropicais e é aberta a população. O ritual sagrado tem início com o discurso do Cacique que fala da importância do ritual para a tradição. Em seguida, todos ficam de joelhos e cabeça baixa fazendo uma oração silenciosa. Pela característica da oração acredito que rezam o pai nosso, a oração de Jesus Cristo ensinou. Depois todos de pé, nesse momento as pessoas se posicionam em três círculos: no centro da roda, ficam os curumins e cunhatãs bem menores acompanhados dos “tocadores” de zabumba, maracás, as gaitas que também ficam na roda com os que “puxam as cantigas”. No segundo círculo, um pouco maior, ficam as crianças maiores e os adolescentes participando com a dança; e no terceiro circulo o maior de todos, os índios (homens e mulheres), vestidos ou não com trajes para o evento, participam da dança cantando, dançando e tocando o maracá. O cacique geral permanece entre os círculos, já os “caciques das aldeias” ora ficam no terceiro círculo, ora acompanham o “cacique geral”, todos com maracás na mão, dançando e cantando, sempre em movimentos circulares no sentido horário.

Ao toque da gaita (flauta), inicia-se o Toré, que enquanto “uma linha” é aberta com o canto que “chama os caboclos e os dono da casa para as suas obrigações” e fechado com o canto do Guarapirá na praia, conforme disse Maria Fogo que dança o Toré desde criança e o seu pai era um dos mestres. Depois que o ritual é encerrado, ainda na mesma posição, os participantes dançam coco-de-roda, só que os círculos são ampliados na medida em que as pessoas que não estavam com as vestimentas próprias do Toré também participam do coco-de-roda. As que desejarem também podem tomar parte da roda e participar da referida cerimônia religiosa. 

As letras das cantigas evocam elementos cosmológicos ligados à religiosidade católica (a Trindade, São Miguel, Santos Reis), ao mar, às atividades de sobrevivência (pesca), a eventos (guerra – flecha do tapuio Canindé) e seres da natureza (guarapirá, laranjeira, peixe, água) e a figuras míticas (tapuia coronga e tapuio Canindé), além da jurema. Ao contrário de outros grupos indígenas, não há uso ritual de bebida produzida com a jurema; as bebidas consumidas são catuaba e cachaça.

No caso específico do Toré realizado no dia do índio no ouricouri da aldeia São Francisco, há partilha de carne e de bebida, revelando a posição dos “caboclos do Sítio” organizadores enquanto anfitriões e dos índios de outras aldeias como “convidados”. Pensada de maneira mais ampla, no Toré a relação entre os anfitriões e os “convidados” (índios de outras aldeias), fica implícita na relação índios Potiguara como os anfitriões e os não-índios (englobando os “brancos” e os “particulares”) enquanto “convidados”. Desse modo, o etnônimo Potiguara deixa implícitas as diferenciações internas, especialmente aquelas que estão assentadas na oposição “índio puro” / “índio misturado”.

No meio do povo nas tendas armadas podemos encontrar artesanatos indígenas à vendas, bem como comidas e frutas típicas da religião, além de vários indígenas fantasiados pintando o corpo dos turistas com símbolos de cada comunidade ali existente a preços bem populares (R$ 200). Eu na condição de arte educador recomendo os internautas a participarem dessa festa no próximo evento de 2014.

FOTOS DO EVENTO:

1) Projeto - Crianças sendo alfabetizadas pela língua Tupi Guarani.









2) Projeto - Coral das Crianças Potiguaras.



3) Ritural Sagrado da Dança do Toré:













A educadora e socialista Lourdes Sarmento também participou do ritual sagrado!




































Um comentário:

  1. Parabéns pela reportagem, querido educador Tadeu Patrício! É maravilhoso vivermos no Brasil, país que percebe e valoriza a sua miscigenação racial, cultural e religiosa!!!Tão rico de beleza, sol, mares, rios, fauna, flora, climas, múltiplas cores!!! Viva a natureza do nosso Brasil! Viva a nossa Paraíba linda, nosso povo sofrido e guerreiro!!! Beijinhos!!!

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