segunda-feira, 9 de dezembro de 2013

BREVE HISTÓRICO DA NAU CATARINETA DE CABEDELO



A Nau Catarineta é um legado importantíssimo do povo de Cabedelo, cuja origem do auto popular se perdeu no tempo, ninguém sabe a certo quem a criou, tanto a parte poética como os seus cânticos e coreografias. Sabe-se apenas que as primeiras considerações sobre “o Romance da Nau Catrineta conhecida no Brasil como Romance da Nau Catarineta é considerada uma obra prima da literatura popular lusitana que realça a influência de Portugal na origem deste tipo de manifestação que ainda hoje é apresentada na Paraíba, em especial na cidade portuária de Cabedelo, sendo o único grupo em atividade no estado.



Em Cabedelo, a manifestação popular dirigida por Tadeu Patrício tem se desenvolvido nos quatro cantos do município através do Projeto Caravana Cultural na Comunidade de forma muito dinâmica, alegre e criativa como poderemos conferir nas apresentações que o grupo tem realizado.

Desde 1998 que a Nau Catarineta de Cabedelo foi resgatada. Todo o processo de revitalização do folguedo foi uma tarefa muito difícil pelas dificuldades que o grupo folclórico encontrou em ter acesso aos órgãos governamentais para que incentivassem o Projeto de Revitalização da Nau Catarineta.




Para manter viva esta tradição popular com origem no século XVI, cuja dança folclórica chegou ao Brasil no Século XVIII, na Paraíba em 1903 e, em Cabedelo no ano de 1910, por via férrea, conduzida em um vagão da Great Westren, oriunda do município de Santa Rita, cuja brincadeira era dirigida pelo funcionário Basílio Costa da empresa concessionária inglesa.

De acordo com relatos de uma antiga moradora da Praia de Ponta de Matos conhecida por Dona Guilhermina que passou a residir em Cabedelo desde 1909, os primeiros movimentos para a criação desta brincadeira no lugar aconteceu ao lado da casa de Antônio do Farol, em um terreno na residência de Paulo Varanda, sendo dirigida pelo estivador conhecido por João de Tonha. Lembra que o primeiro o primeiro Grupo Folclórico de Cabedelo foi denominada de “Nau Catita” apesar de ter um grande barco de madeira para circular nas areias fofas de Cabedelo.


Ressaltou o mestre Tadeu Patrício que é importante destacar na programação dos 101 anos de fundação do auto popular nomes dos seus principais fundadores, a exemplo: Valdivino Carlos Morais, João de Tonha, Paula Varanda, Júlio do Beco, Marieta Saloia, essas pessoas foram os primeiros brincantes da Barca de Cabedelo, que de acordo com relatos dos mais antigos moradores de Cabedelo, era costume se apresentar na Rua do Arame, outrora rua do meretrício, hoje atual Rua Ismael Farias em Cabedelo. Este grupo permaneceu firme até de 1914. A partir de 1916, o grupo passou por uma reorganização, ingressaram novos brincantes e recebeu apoio de um comerciante cabedelense conhecido Pedro de Ofrásio que seguiu firme com o grupo até 1937.

Já no inicio da década de 1940 o grupo passa por outra grande renovação recebendo novos componentes, a exemplo de José Paulino e João de Zacarias que chegou a ocupar o cargo de mestre da brincadeira. Nessa mesma época ingressaram no grupo Antônio Paulo, Santino Paulo, Severino do Beco e Luís de Góis que era um comerciante bastante conhecido em Cabedelo chegando a ocupar o cargo de vereador em 1969. Nessa época os ensaios aconteciam na Rua Cleto Campelo, por trás da casa de Antônio Paulino, segundo contava o mestre Moacir Caetano.

 Na década de 50 o grupo manteve-se em plena atividade graças o apoio do saudoso Padre Alfredo Barbosa que ofereceu o pátio da casa paroquial para a realização de ensaios, além do irrestrito apoio do folclorista Tenente Lucena que levou o grupo para se apresentar em vários capitais brasileiras e cidades do interior do Estado da Paraíba.

Já na década de 60 o grupo da Barca de Cabedelo pode contar com o apoio do dramaturgo e folclorista Altimar de Alencar Pimentel que muito contribuir com a divulgação da Barca de Cabedelo, além do apoio do atual presidente da Comissão do Folclore no Estado, professor Osvaldo Trigueiro, bem como do produtor musical Marcos Vinícius que contribui junto com a Universidade Federal da Paraíba na produção do LP da Barca de Cabedelo em 1972.

Em 1985, o grupo da Barca de Cabedelo pode contar com o apoio do Projeto de Extensão de Educação e Apoio Cultural da Universidade Federal da Paraíba, coordenado pelo professor Silvino Espínola e do cineasta Manfredo Caldas que documentou o auto popular em película de 36 mm produzindo um filme sobre a Nau Catarineta que foi premiado em festivais de cinema de cidades como Gramado (SC) e Brasília (DF).

Para o mestre Tadeu Patrício, resgatar a Nau Catarineta de Cabedelo, não é somente revitalizar um grupo folclórico. Este resgate significa muito mais do que isto. Significa contribuir para o desenvolvimento da cultura do povo paraibano e divulgar o potencial turístico do nosso Estado.

Entre final dos anos 80 e início dos anos 90 a Nau Catarineta de Cabedelo passou por uma grande tormenta mais resistiu à falta de incentivo e apoio a cultura popular. Após uma década parada as suas atividades de ensaios e apresentações o grupo finalmente retomou suas atividades através do empenho e dedicação do agente cultural Tadeu Patrício que contou com o irrestrito apoio do amigo e mestre Hermes Nascimento, cujo folclorista incentivado por Tadeu Patrício pode retornar ao grupo, de onde tinha se afastado por desmotivação de problemas existentes no grupo na década de 80.

Estimulado por Tadeu Patrício, o mestre Hermes Nascimento retomava a brincadeira para revitalizar conjuntamente com Tadeu Patrício o autor popular, proporcionando aos novos e antigos brincantes uma nova página na história tradicional e dinâmica brincadeira da Barca de Cabedelo. Hermes Nascimento tão logo foi ensinando os cânticos e coreografias para que o folguedo pudesse chegar novas gerações para fazer uma simples demonstração do que é a Barca da Paraíba, assim denominada por muitos cabedelenses.




Em 1998, o Projeto de Revitalização da Nau Catarineta contou com o apoio cultural da Prefeitura Municipal de Cabedelo, através do ex-prefeito Edésio Rezende, Maria das Graça Carlos Rezende (primeira dama); Professora Maria Ramos (Secretário da Educação Municipal); Governo do Estado da Paraíba (José Targino Maranhão); Secretário da Educação Estadual (Dr. Carlos Mangueira) e do presidente da Fundação Fortaleza de Santa Catarina (Professora Osvaldo da Costa Carvalho). Depois o apoio continuo com o ex-prefeito do PT (Dr. Júnior Farias) e o Subsecretária da Cultura em Cabedelo (Professor Fernando Abath). A estas personalidades, nossa eterna gratidão porque foram sensíveis a cultura popular ao atender as nossas reivindicações existentes no orçamento público. Pois entendemos a cultura como um direito da sociedade e jamais despesas públicas.

A Nau Catarineta é uma dança folclórica dividida em 04 (quatro) jornadas, onde cada Jornada Narra um Episódio de Aventura Náutica das conquistas portuguesas no Novo Mundo, incluindo Costa da África e a Índia.

O Auto Popular é um bailado dramático, de inspiração marítima, cujas coreografias são desenvolvidas pelos seus brincantes de forma que os movimentos estabeleçam o balanço do mar, ora agitado, ora em calmarias ou maretas.

Portanto, vamos todos juntos, governo e sociedade preservar a cultura popular, para que ela não seja manchete de livros, de velhos jornais ou documentários de cinema nacional.

            Tadeu Patrício, mestre em cultura popular.

Um comentário:

  1. Assisti a íntegra do espetáculo no último sábado. Fiquei encantado. Vou entrar em contato com você, pois tenho uma encomenda para escrever uma peça sobre o tema da Nau Catarineta. Vou telefonar para você para acertarmos uma hora para conversarmos. Um grande abraço e meus parabéns pelo resultado do seu trabalho. Ronaldo Monte.

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